sexta-feira, junho 05, 2009

A uma só vida

A uma só vida,
Uma só voz, perdida no vento que faz a minha pele ondular.
Perco-me em pensamentos sem grande importância :
“Se tivesse cabelo ele ia ondular?”
“Tremo porque tenho frio?”
“O que aconteceu aos meus pulsos?”

Percebo agora que consigo olhar em todas as direcções com os olhos fechados,
Mas não me vejo a mim,
Sou o homem invisível.
Atravesso as cidades e as periferias, corro pelos campos do Portugal profundo,
Passo paredes, grito estridentemente:
“OLHEM PARA MIM CARALHO!”

Mas nada…

Volto à vida, uma só vida,
Sento-me na minha secretária que se rodeia de ódios invejas e perseguição.
Respiro fundo, contacto clientes,
Perco-me em pensamentos mórbidos amaldiçoando a ganância que me obriga a trabalhar.

Sinto saudades do meu mundo…
Onde na imaginação sou omnipresente e Deus me pede conselho.

João Pedroso

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